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FORTALECIMENTO DA SOCIEDADE CIVIL
Em tempos de crises, a relevante atuação da sociedade civil costuma ser lembrada e valorizada. Esse setor, tão hostilizado e até mesmo criminalizado nos últimos anos, teve um papel vital no enfrentamento à pandemia e suas consequências em 2020, mas nossos desafios também se multiplicaram de forma inédita, em inúmeros aspectos. O ambiente de intimidações e perseguições vêm trazendo ameaças concretas a cidadãos e organizações que se colocam de forma crítica ao governo, os obstáculos às nossas operações têm aumentado e os espaços de participação social, reduzido. Ainda assim, passos importantes têm sido dados no que diz respeito à promoção de diálogos mais amplos e à construção entre atores de campos e setores diversos dentro da sociedade engajados na defesa da democracia. Todos esses elementos estiveram presentes no cotidiano e nas ações da rede do Pacto ao longo de todo o ano.
SOCIEDADE CONTRA O CORONA
Os drásticos e imediatos efeitos políticos, econômicos e sociais da pandemia de Covid-19 promoveram enorme mobilização e compromisso da sociedade civil no enfrentamento das crises geradas pelo contexto pandêmico. A campanha "Sociedade contra o corona" nasce, portanto, com três objetivos principais: dar visibilidade às ações empreendidas pela sociedade civil no combate à pandemia e suas consequências, conclamar a responsabilidade de autoridades do poder público, lideranças políticas e sociais e setores da sociedade capazes de contribuir de maneira mais consistente com o enfrentamento das crises em emergência e, por fim, manifestar ampla e fortemente o compromisso e a postura ativa do terceiro setor frente à calamidade imposta pelo novo coronavírus.
Para tal, a campanha contou com dois principais momentos: (i) inspirada em uma ação realizada pelos veículos de imprensa, dezenas de entidades estamparam em suas capas de mídias sociais e sites a mesma imagem com um chamado ao engajamento da sociedade no combate à pandemia e publicaram um manifesto coletivo, assinado por 160 instituições, marcando o posicionamento do setor sobre a urgência de se combater assertivamente as crises em curso; (ii) lançamos um site que mapeou e reuniu e divulgou amplamente as iniciativas da sociedade civil voltadas ao combate do coronavírus e seus efeitos.
BRASIL PELA DEMOCRACIA E PELA VIDA
Em junho de 2020 o Brasil assistia a um dos momentos mais agudos da crise democrática atual. Havíamos chegado ao pico de óbitos diários em função da pandemia de Covid-19 até aquele momento, o governo federal seguia negando a crise sanitária, enquanto o presidente da República frequentava, semanalmente, manifestações antidemocráticas na Esplanada dos Ministérios. Em diálogo com grandes entidades nacionais, centrais sindicais e frentes e movimentos populares, a secretaria executiva do Pacto articulou uma campanha chamada "Brasil pela Democracia e pela Vida", que tinha como missão promover ações em defesa da vida e da democracia no país.
A campanha, realizada de junho a setembro, fortaleceu uma rede ampliada de cooperação em espaços de diálogo, com 197 entidades da sociedade civil. A iniciativa também criou pontes de contato com entidades com as quais até então não dialogávamos. É o caso de grandes entidades nacionais como OAB, CNBB, SBPC, centrais sindicais e movimentos populares. Ao longo do ano essa rede de organizações se reuniu 28 vezes. A partir desses encontros, nasceram quatro grandes ações: o lançamento da campanha, que contou com um vídeo dirigido por João Wainer, narrado por Patrícia Pillar e com música de João Bosco e Aldir Blanc, assistido por mais de 10 mil pessoas e amplamente divulgado nas mídias sociais; o vídeo #100MilHistórias, também dirigido por Wainer, para expressar a indignidade frente às 100 mil vidas perdidas em decorrência da má gestão da pandemia; a Virada da Democracia, festival de lives com mais de 50 atividades simultâneas sobre temas importantes à vida e à democracia no país; e a live Democracia Vive, com uma programação recheada de pensadores, artistas e ativistas sociais conversando sobre assuntos fundamentais para a democracia no Brasil.
Site da campanha: https://www.brasilpelademocracia.org.br/
Ao longo de 2020 seguimos divulgando semanalmente o Radar pela Democracia, boletim enviado não apenas à rede do Pacto, mas a uma seleção de figuras relevantes na sociedade, que reúne informações resultantes do nosso monitoramento de ameaças à democracia e do mapeamento de importantes iniciativas da sociedade civil em defesa de direitos e liberdades democráticos. O principal objetivo do Radar é disseminar informações de forma a promover articulações entre diferentes atores sociais e potencializar possíveis ações conjuntas em prol da democracia brasileira. Este ano, foram enviadas 46 edições do Radar.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA REDE PACTO
Em 2020, demos os primeiros passos para o amadurecimento do que o Pacto propõe construir e alcançar, não apenas de maneira imediata, mas mirando também médio e longo prazos, compreendendo que a atuação desta rede será valiosa e necessária em um vasto horizonte de tempo. Para isso, nos debruçamos sobre a construção da nossa Teoria de Mudança e, pela primeira vez, realizamos um processo bem estruturado e coletivo de planejamento estratégico junto aos membros da rede. O processo foi conduzido pela Recontar e contou com escutas e oficinas junto à secretaria-executiva, além de um grande encontro envolvendo mais de 60 organizações da rede do Pacto, em que construímos coletivamente os detalhes do plano de trabalho para o ano de 2020. Não contávamos que menos de um mês após a conclusão desse processo seríamos atropelados pela pandemia e suas consequências, que nos obrigaram a fazer adaptações significativas ao que havíamos desenhado para o ano e às nossas atividades cotidianas. Ainda assim, esse processo trouxe visão e legitimidade à atuação do Pacto, que em 2021 segue desenvolvendo e aprimorando os caminhos traçados em 2020.
PLENÁRIAS DA REDE DO PACTO
Em virtude da pandemia e do decorrente distanciamento social, a rede do Pacto teve de interromper a realização de seus encontros presenciais bimestrais e, por isso, passou a promover videoconferências semanais com o intuito de criar um espaço em que pudéssemos não apenas compartilhar e discutir nossas preocupações e ações frente ao cenário político no Brasil, mas também promover um espaço de apoio mútuo entre as organizações da rede diante do cenário de calamidades que se instalava no país. As plenárias virtuais, de fato, tornaram-se um momento fundamental da rede para a troca de informações relevantes sobre a conjuntura política, para aperfeiçoarmos nosso trabalho enquanto coalizão, para construir estratégias de ação diante das diversas crises que emergiram simultaneamente, além de terem se consolidado como espaço de acolhimento e cuidado entre as organizações e seus integrantes em meio à tragédia que acometeu a sociedade brasileira e foi se agravando ao longo de todo o ano.
Ao todo, realizamos 30 plenárias virtuais do Pacto em 2020, sempre com um quórum significativo, mas com diferentes propósitos: da concepção e construção de ações conjuntas, passando por análises de conjuntura, por rodadas de atualizações a respeito da atuação das organizações frente ao contexto de crises, além de conversas com especialistas, pesquisadores e autoridades a respeito de temas centrais para se pensar a democracia hoje no Brasil. De março a setembro os encontros aconteceram semanalmente, e nos três últimos meses do ano as reuniões passaram a ser quinzenais, sempre às segundas-feiras.
EXPANSÃO DA REDE DO PACTO
O Pacto pela Democracia é, sobretudo, uma plataforma de ação conjunta da sociedade civil organizada. Buscamos agrupar o maior número de entidades, representativas das mais distintas agendas, dos mais variados setores e marcadas por diferentes posições ideológicas com o objetivo de, juntas, defender e aprimorar a democracia brasileira.
Apesar das restrições e dos obstáculos impostos pela pandemia de Covid-19, seguimos reunindo mais e mais vozes a favor da democracia e mantivemos a rede do Pacto ativa, unida e engajada em defesa da democracia. Iniciamos 2020 com um corpo de 135 entidades e agregamos outras 22 novas organizações à rede do Pacto. Ampliamos sobremaneira, por exemplo, as agendas de gênero e sexualidade, com a inclusão de organizações como a Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, Aliança Nacional LGBTI+, Grupo Dignidade, All Out, Instituto Azmina e Think Olga. Passamos também a contar com as agendas de população evangélica, com a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito e de pessoas em situação de rua, com a inclusão do É de Lei.
CRIAÇÃO DE GRUPOS DE TRABALHO DO PACTO
Ao longo do ano, desenvolvemos novas metodologias de atuação em rede, apostando na criação de grupos de trabalho para aprimorar a construção de ações conjuntas, conforme definido em nosso processo de planejamento estratégico. Alguns grupos foram compostos de forma orgânica à medida que pautas relevantes à atuação do Pacto exigiram ampla articulação e capacidade de incidência. Foi o caso do coletivo que se instituiu em torno da campanha "Eleições Seguras - Democracia é atividade essencial", que esteve ativo desde abril até o encerramento do processo eleitoral ao final de novembro, e do grupo que se formou com o objetivo de focar em estratégias de litígio estratégico e outras respostas jurídico-institucionais para responder aos ataques à democracia.
Formou-se também um núcleo focado em monitorar e defender as condições básicas da institucionalidade e da convivência democráticas para que organizações, ativistas e cidadãos engajados com as pautas socioambiental e climática tivessem acesso a informações e pudessem atuar com liberdade e segurança no Brasil. Este grupo atuou primordialmente por meio de ações de incidência internacional frente às recorrentes ameaças à atuação das entidades atuantes na região Amazônica.
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